Desvendando a sarcopenia: uma perspectiva geriátrica

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A prevalência de Sarcopenia tem grande variação dependendo da faixa etária, sexo, cenário clínico e da definição utilizada. Porém, já é sabido que o acometimento de pessoas com idade entre 60 e 70 anos varia de 5% a 13%, enquanto entre os idosos com mais de 80 anos pode oscilar de 11% a 50%.1 

 

 

Referência 

1. Morley JE, Anker SD, von Haehling S. Prevalence, incidence, and clinical impact of sarcopenia: facts, numbers, and epidemiology-update 2014 [published correction appears in J Cachexia  Sarcopenia Muscle. 2015 Jun;6(2):192]. J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2014;5(4):253-259. 

Para encontrar indivíduos sob risco, o European Working Group on Sarcopenia in Older People 2 (EWGSOP2) recomenda o uso do questionário SARC-F.2 No Brasil, o instrumento foi validado por um estudo em 2016,3 que ainda combinou a medida da circunferência da panturrilha a ele, melhorando a acurácia para o rastreamento da Sarcopenia. A ferramenta tem uma pontuação que varia de 0 a 20, sendo sugestivo da doença quando ≥ 11 pontos.3 

 

Etapas do diagnóstico

O diagnóstico da Sarcopenia é complexo. Por isso, em 2019, o EWGSOP2 revisou seu consenso, atualizando a definição e o algoritmo para sua confirmação. A atualização incorporou um raciocínio que visa “encontrar, avaliar, confirmar e estabelecer a gravidade dos casos”, com o objetivo de facilitar seu uso em contextos clínicos.4

 

Deste modo, o diagnóstico ficou dividido nas seguintes etapas:

Primeira etapa – recomenda-se a utilização do SARC-CalF ou a presença de sintomas relatados pelo paciente, incluindo perda de peso, sensação de fraqueza, lentificação da marcha, dificuldade para levantar-se de uma cadeira, dificuldade para subir escadas ou quedas.3

 

Segunda etapa – preconiza-se o uso de um dinamômetro para medida da força de preensão palmar ou o teste de sentar-se e levantar-se da cadeira.4 Considera-se diminuição da força de preensão palmar quando esta for <27 kg para homens ou <16 kg para mulheres5 e prejuízo no teste de sentar-se e levantar-se da cadeira quando o desempenho for >15 segundos para cinco subidas.6

 

Terceira etapa – deve-se confirmar a sarcopenia por detecção de baixa quantidade e qualidade muscular. Aconselha-se o uso da absorciometria de dupla energia por raios X (DEXA), análise de bioimpedância elétrica (BIA), tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM).7

 

Quarta etapa - sugere-se o uso do teste de velocidade da marcha para estabelecer a gravidade da Sarcopenia.4 Entretanto, é possível se utilizar de outros métodos, como o Short Physical Performance Battery (SPPB), o Timed Up and Go Test (TUGT) ou o teste de caminhada de 400 metros. 4

 

Por meio da realização dessas etapas, é possível diagnosticar: 

1) provável Sarcopenia; 

2) Sarcopenia; 

3) Sarcopenia grave. 

 

Vale ressaltar que já a partir do diagnóstico de uma provável Sarcopenia é possível iniciar uma avaliação das possíveis causas, bem como as intervenções a serem adotas, que, inclusive, devem começar o mais precocemente possível.4

 

Saiba mais

Nesta videoaula, o doutor Marcelo Valente, autor do guia prático “Recomendações para Diagnóstico e Tratamento da Sarcopenia no Brasil, uma iniciativa da Sociedade Brasileira Geriatria Gerontologia Estado - SBGG, com o apoio da Danone, aborda a Sarcopenia do ponto de vista do geriatra, ressaltando a importância do diagnóstico dessa condição prevalente em idosos, com destaque para a dificuldade na identificação da doença e importância do diagnóstico e tratamento corretos. Assista ao vídeo e saiba mais.

 

 

Dr. Marcelo Valente

• Médico. Especialista em Geriatria pela Santa Casa de São Paulo e pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)/Associação Médica Brasileira (AMB).

• Mestre em Saúde Baseada em Evidências pela UNIFESP.

• Professor da disciplina de Geriatria da Faculdade de Medicina do ABC.

• Professor da disciplina de Geriatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Médico primeiro assistente do Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II.

• Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - Seção São Paulo (2018-2020).

 

 

Referências

1. Morley JE, Anker SD, von Haehling S. Prevalence, incidence, and clinical impact of sarcopenia: facts, numbers, and epidemiology-update 2014 [published correction appears in J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2015 Jun;6(2):192]. J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2014;5(4):253-259.

2. Malmstrom TK, Miller DK, Simonsick EM et al. SARC-F: a symptom score to predict persons with sarcopenia at risk for poor functional outcomes. J Cachexia Sarcopenia Muscle 2016; 7: 28–36.

3. Barbosa-Silva TG, Menezes AM, Bielemann RM, Malmstrom TK, Gonzalez MC, Grupo de Estudos em Composição Corporal e Nutrição (COCONUT). Enhancing SARC-F: improving sarcopenia screening in the clinical practice. J Am Dir Assoc. 2016;17(12):1136–1141.

4. Cruz-Jentoft AJ, Bahat G, Bauer J, Boirie Y, Bruyère O, et al. Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis. Age Ageing. 2019 Jan 1;48(1):16-31. Erratum in: Age Ageing. 2019 Jul 1;48(4):601.

5. Dodds RM, Syddall HE, Cooper R et al. Grip strength across the life course: normative data from twelve British studies. PLoS One 2014; 9: e113637.

6. Cesari M, Kritchevsky SB, Newman AB et al. Added value of physical performance measures in  predicting adverse health- related events: results from the Health, Aging And Body Composition Study. J Am Geriatr Soc 2009; 57: 251–9.

7. Gould H, Brennan SL, Kotowicz MA et al. Total and appen- dicular lean mass reference ranges for Australian men and women: the Geelong osteoporosis study. Calcif Tissue Int 2014; 94: 363– 72.

 

Conteúdo técnico- científico destinado a profissionais da saúde. Proibida a reprodução total e/ou parcial. Junho/2024.

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